ATA DA
TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 22.09.1987.
Aos vinte e
dois dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Trigésima Primeira Sessão Solene da Quinta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a entregar o Prêmio
Artístico Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Musical Os Araganos. Às dezesseis
horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, a Sr.ª Presidente
declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao
Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.ª
Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Décio
Freitas, Secretário Adjunto do Conselho de Desenvolvimento Cultural do Estado,
representando neste Ato o Governador do Estado Dr. Pedro Simon; Sr. Lupicínio
Rodrigues Filho, Diretor Administrativo da EPATUR, representando o Prefeito
Municipal Dr. Alceu Collares; Senhores Ari Marchi, Edú Reus, João Sidinei
Vargas, Airton Cabral, Adilson Carvalho e Tadeu Chaves, componentes do Conjunto
Os Araganos. A seguir, foi ouvido número musical apresentado pelo Conjunto Os
Serranos. Na ocasião, a Sr.ª Presidente registrou a presença, no Plenário, do
Dep. Jarbas Lima; do Compositor Luiz Menezes, representando a Ordem dos Músicos
do Brasil; do Compositor Túlio Piva. A seguir, a Sr.ª Presidente concedeu a palavra
aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome das
Bancadas do PDS, PDT, PL e PC do B, destacando ser esta a primeira vez que a
Casa entrega o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues, saudou o conjunto musical
Os Araganos, declarando a justeza e a sua satisfação por participar da presente
homenagem. Discorreu sobre identidade existente entre este conjunto musical e a
Cidade de Porto Alegre e a importância dos Araganos para a difusão da cultura
gaúcha, salientando músicas nacionalmente conhecidas de seu repertório, como
“Piazito Carretero”, “Gauchinha Bem-Querer” e outras. O Ver. Nilton Comin, em
nome das Bancadas do PMDB e do PSB, disse de sua alegria por participar da
homenagem hoje oferecida ao Conjunto Os Araganos, comentando o trabalho deste
conjunto na busca da valorização e difusão do homem simples que caracteriza o
povo Rio Grande do Sul. E o Ver. Ignácio Neis, em nome da Bancada do PFL,
declarou sentir-se muito honrado em homenagear o Conjunto Musical Os Araganos,
os quais souberam enaltecer e recriar a alma do povo gaúcho através de sua
música nativista, que tão bem reflete o povo simples de nosso Estado. Em
continuidade, a Sr.ª Presidente convidou os presentes a, de pé, assistirem à
entrega, pelo Ver. Hermes Dutra, do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao
Conjunto Musical Os Araganos. A seguir, a Sr.ª Presidente concedeu a palavra ao
Sr. Ari Marchi que, em nome do Conjunto Musical Os Araganos, agradeceu o Prêmio
recebido. Após, o Conjunto Os Araganos apresentou um número musical. A seguir,
a Sr.ª Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as
autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada
mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezessete horas e trinta
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Ver.ª Gladis Mantelli e
secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Hermes
Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidentes e 1ª Secretária.
A SRA. PRESIDENTE: Declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão Solene. Antes de passarmos a palavra aos oradores
que falarão em nome da Casa, apresentaremos o Conjunto Musical “Os Serranos”,
que visam homenagear o Conjunto “Os Araganos” pelo prêmio que hoje recebem.
(Palmas.)
O SR. ÉDSON DUTRA: Sra. Presidente, ilustres
homenageados, integrantes do Conjunto “Os Araganos”, Srs. e Sras.
Para nós, integrantes do Conjunto “Os Serranos”, é uma imensa honra
participar desta solenidade, porquanto ela revela o prestígio da música gaúcha
e destes grandes representantes da nossa arte, da nossa música e da nossa
cultura, estes representantes que há 25 anos vêm trilhando a senda da música e
da boa propagação da cultura e da nossa arte. O Poder Legislativo de Porto
Alegre homenageia “Os Araganos” e a própria comunidade também o faz, através
dos seus representantes com assento nesta Casa. E para nós, dos Serranos,
também é uma honra participar desta solenidade e trazer aqui, além do nosso
abraço, a este grupo maravilhoso, não só musicalmente, como também na pessoa
dos seus integrantes, os nossos parabéns aos Araganos. Que continuem sempre
trilhando este sucesso maravilhoso que sempre os norteou.
(O Grupo “Os Serranos” faz a apresentação. Em primeiro lugar,
apresentam “Meu Pago”, de Moacir Roseing. Em segundo, “Pêlos”, de José Cláudio
Machado).
A SRA. PRESIDENTE: A Câmara Municipal de Porto
Alegre agradece a apresentação feita pelos Serranos, apesar que os aplausos já
o fizeram.
Com a palavra, o autor desta homenagem, Ver. Hermes Dutra, que falará
em nome do PDS, PDT, PL e PC do B.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, minhas Senhoras, meus Senhores, ilustre Deputado Jarbas Lima, Líder
da nossa Bancada na Assembléia Legislativa, que abrilhanta esta Sessão com sua
presença nesta tarde em que se homenageia “Os Araganos”; ilustres familiares
dos membros do Conjunto, meus prezados membros do conjunto “Os Serranos”, lá de
Bom Jesus, onde a metade da cidade é Dutra. E eu dizia a eles que o mínimo que
exige da família é daí para fora. Nós vimos a belíssima apresentação que eles
nos brindaram, aqui. A Casa se reúne, hoje, para conceder um Título Honorífico
e, numa tarde cinzenta que o sol apareceu há pouco, e que estava naquele esfria
e não esfria.
Tem algumas coincidências que eu dizia que devem ser registradas: a
primeira delas é que esse Título está sendo concedido pela primeira vez. O Título
honorífico, Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues, instituído pela Câmara
Municipal de Porto Alegre em 1984, pela primeira vez está sendo entregue. E uma
outra coincidência, é que representa o Prefeito, na Mesa que dirige os
trabalhos, o filho do Lupicínio Rodrigues, que deu nome a esse título, que
visa, conforme a resolução que o criou, a premiar os artistas brasileiros,
compositores, artistas plásticos, músicos e poetas, que se destaquem no cenário
rio-grandense e brasileiro. Esta resolução, aprovada pela Casa em 1984, deu
origem à resolução aprovada por unanimidade, pela Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, conferindo esse prêmio artístico ao conjunto “Os Araganos”.
Não vejo aqui - e faço questão de registrar - o grande incentivador
desta homenagem, o Mílton Pozzolo de Oliveira que, não sei se talvez não
quisesse resistir à emoção, viajou. Ele foi o homem que me entusiasmou, que me
fez levar adiante uma idéia que ele já tinha, quando exercia o mandato de
Vereador, que era fazer com que a Casa reconhecesse o valor dos Araganos, coisa
que a Cidade, que o Estado, que o País, a América e o mundo já tinham
reconhecido, através das platéias que os aplaudiram, em suas imensas, grandes e
gloriosas apresentações. Mas a Casa homenageia “Os Araganos” também porque há,
entre eles, entre a sua atividade e a Cidade, uma grande identidade. “Os
Araganos” aqui têm a sua sede, daqui é que eles partem para apresentar “shows”,
animar bailes e fandangos pelo Rio Grande e pelo Brasil afora. E Porto Alegre
foi motivo de músicas, na imensa lista de gravações que, ao longo desses vinte
e cincos anos, comemorados anteontem, eles tiveram a oportunidade de gravar. E
eu não diria que a data de 20 de setembro é uma data feliz; eu diria que é a
própria significação da vida dos Araganos. “Os Araganos”, que têm uma obra de
musicografia muito grande, e que exaltá-la e dizê-la aqui seria até fastidioso,
vou-me limitar, por isso, a lembrar algumas das tantas que muitos já ouviram, e
que, certamente, os embalaram muitas vezes, ou em bailes por este Rio Grande ou
em audiências de horas tranqüilas e felizes dos apreciadores da boa música. “Os
Araganos” gravaram uma música de Paulinho Pires, intitulada “Exaltação a Porto
Alegre” que fala do céu, luar, progresso, que fala no nosso Rio Guaíba. É a
grande homenagem deste conjunto à Cidade que lhes acolhe, à Cidade que lhes dá
sede, a cidade onde eles vivem e onde tem o centro de sua atividade
profissional.
E quem não se lembra, quem sabe numa andança mais longa, atravessando
fronteiras, e de repente afinando o ouvido ouvir aquela música belíssima do
Leonardo, falando no céu, no sol, no sul do Rio Grande, falando na terra, que
nos traz o cheiro da querência distante, lembrando a cor, que é esta matiz que
gerou o gaúcho e que deu ao país um multicolorido de raças, de costumes que
engrandecem, sobretudo a nós que amamos o Rio Grande, as tradições. E nos faz
com que nos sintamos muito à vontade e felizes.
E tantas outras, e acho que se citá-las, alguém vai se lembrar de algum
dia tê-las ouvido: selecionei-as, das tantas que eles gravaram aquelas que são
as mais cantadas, como “Rancho da Estrada”, “Gauchinha bem-querer”, “Gauchinha
Bonita”, “Acordeona”. Quem não se lembra do “Piazito Carreteiro”, cujo autor,
Luiz Menezes, está lá no plenário, sentado a prestigiar com sua presença esta
homenagem aos Araganos. E que hoje, nos quatro cantos do Rio Grande esta música
do Luiz Menezes quando é ouvida, é acompanhada, assobiada por qualquer um do
povo, independente de sua classe social. A música que, embora traga o encanto
de uma toada, é, na verdade, um grito a favor do menor que não teve infância, e
que faz a doce ligação entre o presente e o passado, quando diz que simbolizam
os teus trapos a legenda dos Farrapos que a história glorificou. Mas o
repertório dos Araganos é imenso e não fica por aí. Tem outras tantas que
também anotei para lembrar: “Chasqueadas”, “Espalha Brasa”, “Sirigaita”,
“Canção a São Francisco”, “Minha Querência”, “Gauchinha Fazendeira”, “A Volta”,
“Xotes do Delegado”, “Recordação”, “ Menino da Porteira”, “Fiz a Cama na
Varanda me Esqueci do Cobertor”, “Meu Pó no teu Sapato”, “Meu Castigo”, “Moinho
Velho”, e o épico “Homens de Preto” do Paulo Ruschel que mostra a dor do
gaúcho, quando assisti impassível e impotente de impedir a ida do boi para o
matadouro. E lá se vão tantas e tantas outras que somaram ao longo desses vinte
e cinco anos que somaram: treze LPs e três discos compactos.
O gaúcho, meus amigos, é um ser atávico. O seu apego à terra, aos
costumes e às coisas do Rio Grande é um fato inconteste. Muitas vezes, por
baixo de um terno bem talhado, num alfaiate de uma cidade grande, de uma
gravata importada com etiqueta estrangeira, de um sapato com cromo alemão, se
esconde, na verdade, uma alma do interior que espera com impaciência a hora e a
oportunidade que alguém lhe proporcione de ouvir, de cantar e acompanhar e,
muitas vezes até envergonhado, abre e fecha a boca como se soubesse cantar as
músicas do Rio Grande. Mas “Os Araganos” tem uma outra característica que eu
diria a outra coincidência feliz: o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues que
lhes é entregue hoje, o Lupi, o homem, o boêmio, o cantor urbano, não ficou
fora de sua obra e eles gravaram de Lupi, o “Jardim da Saudade”. Talvez alguns
já tenham esquecido, no qual Lupi acostumado a cantar nos bares e as boemias,
derramou a sua inspiração para cantar o Rio Grande. E vale a pena lembrar a
última estrofe:
“Ah que bom seria,
Se Deus, um dia, de mim se lembrasse,
ir lá para o céu...”
E Lupi está lá, nesta hora, certamente cantando, dentre tantas, esta
música.
“Ir lá para o céu e o meu Rio Grande comigo levar.
Mostraria este meu paraíso para os anjos verem a verdade.
O meu Rio Grande do Sul é, para mim, o jardim da saudade”.
Pois o homem que cantava a dor de cotovelo, o homem urbano, também
sentiu o atavismo do gaúcho. E dentre a sua imensa obra, hoje valorizada,
porque também foi pouco valorizado quando vivo, não esqueceu o Rio Grande. Daí
porque, é de se esperar até que os estudiosos, que os acadêmicos, que os Phds
que dão entrevistas e mais entrevistas nas televisões, nos rádios sobre os
fenômenos culturais do Rio Grande se lembrem, quem sabe, um dia, de traçar um
elo de ligação entre o homem urbano que foi o Lupi e o homem rural, o homem do
interior que “Os Araganos” cantam. E aí se verá que, efetivamente, está a
cultura do Rio Grande, e não está, como, infelizmente, muitos Phds, muitos
doutores insistem, muitas vezes, em afirmar que não é cultura, que é grossura.
Seria muito bom que se debruçassem sobre estes versos de Lupi para
verem esta ligação que não é imaginária, ela é real. Ela existe. Basta querer
vê-la.
Eu fiz algumas anotações sobre a obra dos Araganos, porque seria
difícil trazer todas as músicas e tudo o que eles fizeram num improviso. Estes
rabiscos, que me proporcionaram dizer um pouco do que “Os Araganos” para vocês,
não servem, em absoluto, para justificar a oportunidade e a justiça do prêmio.
Mas serve, isto sim, que os Anais da Casa registrem a obra de vocês. O que
vocês fizeram em benefício da divulgação do Rio Grande, da divulgação daquilo
que é mais caro para nós, daquilo que o homem tem de mais sagrado, que é a
força interior, fruto de gerações e gerações de convicções, que vêm desde os
seus antepassados e que, com o passar do tempos, ele foi aperfeiçoando e que se
traduz numa forma bonita e melodiosa, na música do Rio Grande. Houve, por
certo, quem os tivesse criticado quando, há muito tempo, começaram a usar
instrumentos ditos não convencionais para a música nativa. Mas como se pode
imaginar um grande público, uma grande platéia, a ouvir músicas, sem que para
isto se utilize esta verdadeira parafernália eletrônica, necessária até para
que se possa divulgar a música do Rio Grande. Hoje, já não se fala mais nisto,
felizmente, porque se viu que a música pode se expressar tanto por um violão de
6 cordas, como por um violão de 12 cordas e que se expressa tão melodiosamente
numa gaita ponto, como numa guitarra eletrônica, como é o caso da guitarra do
meu parente Edson Dutra que, com os seus floreios e a sua melodia, nos encantou
no início desta reunião.
Eu mais não tenho a dizer a vocês. Acho que tenho, isto sim, é que
continuar ouvindo-os e me embalando. De quando em vez, me solto num fandango
destes que hoje estão em moda, mas não faço isto por modismo. Apenas por ser
moda, não quer dizer que não seja bom, temos que ver o lado bom da coisa, pois,
através desta moda, estamos conseguindo atrair para a música do Rio Grande
milhares e milhares de pessoas que, até então, até por força de preconceitos e
por informações distorcidas, não gostavam e não queriam ouvir música gaúcha. E
é tão belo este Rio Grande, que haverá sempre de ser cantado, como o é pelos
Araganos, como será, no futuro, por tantos outros. E a comunidade tem obrigação
de reconhecer esse tipo de trabalho, e foi isso que a Câmara Municipal de Porto
Alegre fez, pela unanimidade de seus pares, pelo voto de todos os Vereadores
desta Casa, foi concedido este prêmio, pela primeira vez, um laurel que ficará
escrito nos livros de registro desta Casa, e que, tenho certeza, é motivo de
orgulho para a Casa e para vocês. E nas andanças por estes pagos daqui, ou mais
adiante, atravessando fronteiras, subindo o Brasil, tenho certeza que vocês vão
levar esse carinho, este afeto da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Meus parabéns, Araganos, esses 25 anos foram fecundos, estão, vamos tratar de nos preparar para o cinqüentenário, que só levam mais 25 anos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao
Ver. Nilton Comin, que falará em nome do PMDB e PSB.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente, ilustres
Vereadores desta Casa, minhas Senhoras, meus Senhores, existem momentos na vida
em que a gente vai somando, vai aprendendo diariamente; eu fiquei sabendo, há
pouco, que eu era parente do Ver. Hermes Dutra, quando ele falou do seu parente
Édson Dutra, da cidade de Bom Jesus, porque é de lá a minha companheira, e
quando ele disse que a metade era Dutra, eu diria que nem tanto, mas que tenho
um ponto assinalado naquela cidade. Feita esta declaração, meu parente, que foi
aquele que propugnou para o Prêmio Lupicínio Rodrigues para ser dado aos
Araganos, quero dizer que eu me escalei para falar nesta festa, nunca foi
escalado para aquilo que eu não aceitasse. Quando me disseram: Comin, tu vais
fazer isto, eu disse “depende”. Eu faço aquilo que eu gosto de fazer. Estou
falando hoje em nome do meu Partido, o PMDB e do Partido Socialista Brasileiro,
porque “Os Araganos” e o meu clube do coração, o Esporte Clube São José têm uma
vivência muito grande e um fator determinante nos momentos fundamentais da
estrutura do Clube. Quando a Churrascaria Zequinha foi inaugurada, quando os
bailes do São José foram inaugurados, quem estava lá? O Conjunto “Os Araganos”.
Essas coisas não esquecemos porque todos nós somos sempre jovens, podemos ir
contando mais um ano, mais um ano e eu me escalei para falar não nas músicas
dos Araganos, não na arte dos Araganos, não na vivência dos Araganos que
percorreram o Estado, a América do Sul, a América do Norte, a Europa. Não foi
para isto que vim falar, mas sim das coisas simples da vida, que são os grandes
os fatores que formam a humanidade. Vejam bem o que diziam os grandes
escritores, que os grandes contos, as grandes histórias, os grandes livros
forma feitos nas aldeias, dizia Tolstói.
Então hoje, prestamos homenagem ao conjunto “Os Araganos” pelo prêmio
pela primeira vez recebido, que leva o nome de Lupicínio Rodrigues. Esse
Conjunto deve ter um grande orgulho em receber este prêmio porque Lupicínio
foi, é, e sempre será, para o Rio Grande do Sul, o seu maior valor artístico. O
homem das Ilhas, o homem simples da caixinha de fósforo e quando esta Casa faz
esta homenagem, o faz exatamente a “Os Araganos” e está dando a vocês o prêmio
merecido por este trabalho que vocês estão fazendo. Lá na casa da tia Zeca, lá
na quebrada do seu Antunes, lá no vilarejo do seu Moisés, lá estão vocês da
mesma maneira que estiveram em Paris. Aí está o valor do homem, aí está o valor
do conjunto musical. Ele age da mesma maneira em qualquer lugar.
E para ser breve, porque ainda tem um outro ilustre colega que vai
falar, eu quero dizer, meus queridos Araganos, que eu faço com a máxima vontade
em nome do PMDB, em nome PSB, esta homenagem a vocês apresentando a cada um em
particular os meus cumprimentos e dizendo o seguinte: que na vida a gente vale
por aquilo que a gente faz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao
Ver. Ignácio Neis, que falará em nome da Bancada do PFL.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, demais membros da Mesa, há dias, quando foi votado o prêmio
Lupicínio Rodrigues ao Conjunto “Os Araganos”, já me antenava quando da entrega
estar presente. No momento em que se vota o Título, o prêmio, não se sabe
naquele mesmo dia a data em que vai ser entregue, porque tudo isso depende da
programação da Câmara Municipal e da disponibilidade inclusive, do conjunto de
poder comparecer aqui e receber a homenagem.
Por um descuido meu fiquei sabendo apenas há dois minutos antes de
iniciar a homenagem e tive que desmarcar um dentista, marcado para esta hora,
sabendo, através da Liderança do PFL, do Ver. Raul Casa e do Ver. Hermes Dutra
que muito bonito falou aqui, falaria em nome da nossa Bancada, me dirigi a ele
pedindo: “Olha, Vereador, hoje eu gostaria de falar.” Sentei ao lado da Ver.
Bernadete Vidal e ela: “Se não fosse você, Ignácio, meu amigo, brigava a tapa
contigo.” E todos os Vereadores, geralmente a esta hora da tarde estão em
reunião, e nem sempre podem comparecer, hoje aqui nós vimos a presença de todos
os Vereadores do PFL. Neste momento me pediu escusas, no corredor, o Ver. Raul
Casa, o Líder da Bancada, que foi chamado urgente para outro compromisso. Estão
aí os Vereadores Artur Zanella, Frederico Barbosa, Aranha Filho, Bernadete
Vidal, todos querendo prestigiar este conjunto, “Os Araganos”, porque dentro do
PFL nós entendemos que o conjunto transmite muito bem o espírito gaúcho, o
espírito de homem livre, transmite aquele anseio da alma livre, e eu fiz
questão de subir aqui porque muitas vezes persegui os Araganos e eles não me
percebiam porque estava longe, no meio do bailão, no Bailão do Cardoso e outros
bailões, onde acompanhei o trabalho de vocês.
Nestes bailões, com Araganos, Serranos, a dança do bugio. Ninguém
melhor do que “Os Serranos”, me parece, para homenagear “Os Araganos”.
Extensiva esta homenagem, muito justa, também, ao conjunto “Os Serranos”.
Freqüentando todos esses bailões com amigos, nas noites de sextas-feiras, nas
noites de sábado, às vezes até domingos, das 10 da noite às 5 da madrugada,
encontramos pessoas do Centro da Cidade, das vilas e de todas as cidades da
Grande Porto Alegre que vêm do interior para estes bailões de Porto Alegre, que
de Porto Alegre se dirigem aos bailões porque ali encontram aquilo que tínhamos
no interior, que é um sadio divertimento, uma música agradável onde é muito
difícil entre aqueles freqüentadores que ali vão ouvir essa música se ver por
exemplo o tráfico de tóxico, porque é tão gratificante ouvir aquela música que
ela dá outras alegrias, ela completa, satisfaz a gente de tal maneira que não
precisam as pessoas que lá freqüentam procurar enganar-se a si próprio,
jogando-se no álcool, no tóxico porque a música faz vibrar alguma coisa
especial dentro da gente. Por isso não tinha preparado discurso nenhum, não sei
o “curriculum vitae” dos Araganos, apenas para dizer em nome do Partido da
Frente Liberal, continuem “Os Araganos” pois estão fazendo pela família gaúcha
muito mais do que muita gente, talvez muito político do Executivo, talvez do
Legislativo, do que muita gente talvez até pastores, padres, talvez, porque
estão dando uma ocupação decente, um lazer barato para a família humilde, para
o trabalhador, para a família que veio do interior para cá e não sabe o que
fazer num final de semana e de repente descobre uma bonita e gostosa ocupação:
Ouvir conjuntos como “Os Serranos”, como “Os Araganos”. Então, sem nenhuma
pretensão, sem nenhuma preparação anterior dizer: como é gostoso, como
depoimento pessoal, que é gostoso ouvir “Os Araganos”.
E quero parabenizá-los aqui em nome do Partido da Frente Liberal e
dizer apenas que faço votos que continuem mais 25 e outros 25 anos. Parabéns a
vocês todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Convidamos a todos os
presente para em pé assistirem a entrega do prêmio e convidamos o Ver. Hermes
Dutra para fazer a entrega do mesmo ao Conjunto “Os Araganos.”
(O Ver. Hermes Dutra faz a entrega do prêmio artístico Lupicínio
Rodrigues ao conjunto musical “Os Araganos.”) (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr.
Ari Marchi, que agradecerá a homenagem em nome do conjunto musical “Os
Araganos”.
O SR. ARI MARCHI: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores; nosso querido Ver. Hermes Dutra; amigos, familiares e colegas de
atividade. Eu vou-me permitir não dizer nomes para não cometer a gafe de
esquecer algum, apenas tenho certeza de que se cada um de nós, componentes de
“Os Araganos”, procurasse em todos os dicionários existentes no mundo, não
encontraria a palavra exata que pudesse exprimir o que estamos sentindo neste
momento. Dizem que os povos se unem através de uma linguagem única: a música.
Noventa por cento de brasileiros e de outros povos, quando ouvem uma música,
não entendem a letra, mas entendem a mensagem musical. É um alfabeto musical
tão pequeno, tão restrito de simplesmente 7 notas e que o mundo através dos
tempos compôs milhares e milhares de música com apenas 7 notas. Nós somos 6ª, a
7ª, é o nome, Araganos. Nós iniciamos em 62 com este intuito de divulgar a
música do Rio Grande do Sul e estamos realizando o nosso trabalho com muita
vontade, com muito amor, com a compreensão dos nossos familiares, com a
compreensão dos nossos colegas, no caso o conjunto “Os Serranos”, que, tomara
Deus, nós estejamos vivos quando vocês completarem 25 anos e em nome do
conjunto posso afirmar que nós faremos esta homenagem a vocês.
O que eu poderia dizer a todos os Senhores é simplesmente isso, que
após 25 anos de trabalho, de luta, de muita vontade, muita garra, nós iniciamos
este trabalho no Rio Grande do Sul e através deste trabalho percorremos tantos
pagos, tantos países, levando sempre a nossa música, a música do Rio Grande do
Sul. Tínhamos preparado na cabeça tanta coisa mas, infelizmente, a gente sempre
diz, geralmente, em discursos o que a voz nos embarga e é difícil. Difícil meus
colegas de trabalho é enfrentar um Plenário e fazer uso desse microfone. Em um
palco nós estamos em casa, num palco a gente é, tranqüilamente, um elemento que
diz, que expressa tudo o que tem vontade, mas aqui é difícil, principalmente em
um momento como este, após 25 anos, termos a honra e o privilégio de recebermos
este diploma. Eu estou ao lado do Lupi e em nosso meio, o Lupi pai tenho
certeza que está. A todos vocês que vieram a esta Sessão, amigos, estou vendo
lá atrás “Os Xirus”, o Remi. Os Xirus também já completaram 25 anos, nosso
amigo Túlio Piva, Luiz Menezes, enfim é tanta gente, os nossos familiares,
nossas esposas, nossos filhos que são a continuidade daquilo que nós estamos fazendo
há 25 anos. E como disse um antecessor meu, tomara que chegássemos a 50. Seria
difícil, porque estas escadarias, com bengala, é difícil. Mas a vontade seria
esta. Mas até lá terá elevador. Então chegaremos aos 50, talvez não cantando da
maneira como cantamos hoje e nem tocando os nossos instrumentos, mas na
vontade, por dentro, sim, temos a mesma. Como disse um Vereador, para nós do
conjunto Araganos e para todos os conjuntos do Brasil e do mundo, não importa
que assistam 10 pessoas ou mil pessoas, o nosso trabalho é o mesmo. Pelo menos
eu considero assim e sempre fiz assim. Se chega às vezes em ambiente com pouca
gente, nos bastidores a gente diz: pouca gente. Em cima do palco, quando a
gente entra no palco a vontade vem, porque estes 10 que vieram pagaram e têm
que nos assistir, então, eles têm que assistir o mesmo que mil viessem
assistir. Isto é o que nós fizemos há 25 anos.
Somos criticados, como disse um Vereador, muitas vezes, pelos
instrumentos eletrônicos, pelas vestes coloridas, pintadas, bordadas, mas o
rótulo às vezes não vale nada, o que vale é o conteúdo, tanto de um perfume,
como o conteúdo de uma pessoa, o caráter. E a única coisa que eu quero dizer a
vocês. Uma coisa muito simples, uma coisa que eu li um dia. Que a palavra
obrigado é a palavra mais certa. Todo mundo diz a palavra obrigado por qualquer
coisa. Mas eu queria dizer diferente. Eu queria dizer que a amizade, sem ela
ninguém vive. Ninguém vive só. Todo mundo precisa de um amigo, de um
companheiro, de uma companheira, de alguém que possa sentir o que estamos
sentindo num momento “x”, porque dizem que o homem vem ao mundo em busca da
felicidade, coisa que não existe. Existem momentos felizes, mas não a
felicidade completa porque até hoje não existiu ninguém feliz totalmente. Agora,
uma coisa é certa: a amizade é comparada a um bom café - quando frio, perde seu
primitivo sabor. Então, gostaria que vocês todos que hoje estão aqui presentes,
e nós, mantivéssemos este café sempre aquecido para que esta amizade seja
sempre forte, sadia, e que tenhamos muitos e muitos momentos felizes nesta
vida. Obrigado a todos vocês.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Esta Presidência antes de
encerrar os trabalhos, se permite então usar um pouco as palavras do Ari, se me
permite chamá-lo assim, e dizer que use esta Casa como palco e nos agrade e nos
encante com uma apresentação, se assim o desejar.
O SR. ARI MARCHI: Agradeço estas homenagens
todas, e digo o seguinte, aqui nesta Casa, que é a Casa de Porto Alegre, a Casa
de vocês, a Casa de todos nós, e me permitiria solicitar a todos vocês, que
cantassem conosco esta música que se tornou o hino do Rio Grande do Sul, que é
“Céu, sol, sul, terra e cor”.
(Cantam e se apresentam com as músicas: “Céu, sol, sul, terra e cor” e “Rio
Grande, tchê”.)
A SRA. PRESIDENTE: Na oportunidade do
encerramento desta homenagem, cabe à presidência dos trabalhos, sempre, dirigir
algumas palavras aos convidados e aos homenageados.
Eu queria dizer aos Araganos o seguinte: eles não tocaram nem para 10
pessoas e nem para 1000 pessoas e, nem as pessoas que estão aqui pagaram, mas
todas elas apreciaram enormemente. E, isso eu acho que, eu peço desculpas por
ter solicitado a vocês que tocassem e cantassem, por que eu sei que um conjunto
profissional como o de vocês, não merece esse palco, com esse som tão ruim. Mas
é o que nós tínhamos no momento e eu não poderia deixar a oportunidade passar,
para os que aqui vieram e nós, os Vereadores, fôssemos agraciados com o encanto
que vocês transmitem, com o calor, com o afeto. E, assim, esta Casa se sente
homenageada por vocês, ao mesmo tempo que presta a homenagem.
Nós, como Casa do Povo, estamos sempre abertos para prestar homenagens
e devemos cumprir, não por obrigação, mas porque realmente isso vem ao encontro
da população que deseja ver essas homenagens. E, “Os Araganos”, através dos
seus trabalhos, outros melhores do que eu aqui já falaram, têm hoje a homenagem
que esta Casa faz, através de seus representantes, que nada mais são que os
representantes do povo de Porto Alegre. E, esse povo que, às vezes,
representamos mal, mas neste momento estamos bem representando, homenageando
esse grupo pelo seu trabalho, pelas coisas que realizam, por aquilo que já
levou, não só de Porto Alegre como do Rio Grande para fora daqui, mostrando que
Porto Alegre existe e que não é uma cidade ou um ponto no mapa, fazendo com que
esta Cidade e este Estado seja reconhecido por outros pagos.
Nós agradecemos a presença do Professor Décio Freitas, Secretário
Adjunto do Conselho de Desenvolvimento Cultural do Estado, neste ato
representando o Governador Pedro Simon; Lupicínio Rodrigues Filho, neste ato,
representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Alceu Collares; Dep.
Jarbas Lima que, infelizmente já se retirou, obviamente os nossos homenageados,
as pessoas, os amigos que aqui compareceram, o compositor Túlio Piva e, se eu
esqueci de alguém desculpem-me. (Palmas.)
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 17h30min.)
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